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Não é fácil fazer um programa ruim tão bom quanto "Superpop"

Mauricio Stycer

26/09/2012 11h02

É com sentimento de tristeza que leio, na coluna de Flavio Ricco, uma notícia dando conta do fim do "Superpop", apresentado por Luciana Gimenez na RedeTV! Trata-se de um golpe pesado nos fãs de um gênero muito especial na televisão: o programa que diverte por ser ruim.

Não é fácil fazer um programa ruim tão bom quanto "Superpop". Grande parte da graça deve-se ao talento de Luciana na condução da atração. Bonita e esperta, ela se supera ao fazer cara de sonsa diante do festival de absurdos e aberrações que passam por seu palco.

Sua equipe de produção também merece os cumprimentos. Não deve ser fácil escolher sempre os piores temas e os entrevistados mais absurdos possíveis para desfilar pelo palco do programa.

Nesta última segunda-feira (24/9), por exemplo, Luciana sustentou quase duas horas de programa exibindo as 27 candidatas ao concurso "Miss Bumbum 2012". "É um bumbum para cada Estado", ela explicou.

Seu principal convidado na noite foi o tal Dr. Rey, apresentado como cirurgião plástico das estrelas em Hollywood, encarregado de julgar se o talento das candidatas era 100% natural. "É muito bumbum para uma pessoa só analisar".

"Superpop" é campeão dos debates sem pé nem cabeça. O programa tem o dom de convidar as pessoas mais sem noção para dar opinião. Não tem a menor vergonha de explorar assuntos que dizem respeito a emissoras concorrentes. E tenta sempre inventar polêmicas insustentáveis, quando não de outro mundo.

Ricco escreve que Luciana apresentará um novo programa na RedeTV!. Só espero que seja uma atração que explore este seu raríssimo talento, esta sua capacidade de fazer o público rir diante dos absurdos que são tratados com a maior solenidade possível no palco do "Superpop".

Em tempo: Este texto foi publicado originalmente aqui, no UOL Televisão. A notícia do colunista Flavio Ricco sobre o fim do programa pode ser lida aqui. Um álbum de fotos com alguns do melhores momentos do "Superpop" pode ser visto aqui.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.